domingo, 9 de dezembro de 2012

Angola, ou se ama ou se odeia...

Uma frase que ouvi vezes sem conta aqui. Angola, ou se ama ou se odeia.

Uma das respostas que mais frequentemente ouço, com um abanar de cabeça é : Amar?..mas amar o quê??

Apesar de ser novato neste país e de praticamente nada conhecer desta terra imensa, em parte entendo esta resposta. No dia a dia normal de  uma qualquer pessoa não há nada que salte à vista que nos leve sequer a pensar um dia vir a amar Angola. Luanda, vista do alto da samba é um postal de uma cidade tropical vibrante e moderna, mas isto é sem ligar o zoom da maquina fotográfica.
 
 
Falta muito ainda, talvez três ou quatro gerações para todo este povo poder acompanhar tudo que lhe está a acontecer à volta, e isto é se algum dia vier a acontecer. Milhões em Luanda vivem do comercio mais precário e irreal que se possa imaginar. Praticamente não há metro de berma de estrada que não tenha um comerciante, e chamar comerciante já é muito, a vender algo, desde chamadas de telefone ao minuto, numa mesa com um telemóvel de cada operador a espetadas de uma carne qualquer que nem convém saber o que é. Ao mesmo tempo surgem arranha céus gigantescos por toda a cidade e empreendimentos de luxo que vivem rodeados de muros de 4 metros e arame farpado e que são guardados por vários guardas armados com as suas fieis Ak´s..Construi-se finalmente a primeira auto estrada do pais que liga Luanda a Viana, sem olhar ao modo como separaram musseques e locais..Vai daí, e dado que esta "autoestrada" não tem uma única vedação, sinalização ou separador, a média de atropelamentos nesta via é de 4 fatalidades por dia. Pessoalmente já tive a infeliz oportunidade de ver estendida no chão uma destas vitimas, atirada para a berma da infame "auto estrada". Numa cidade em que o passeio é literalmente a faixa do Bus, e que parar numa passadeira é acidente na certa, este é mais um dos saltos evolucionais de não deve acontecer de um dia para o outro. Para um europeu, é de ficar com a boca aberta e com os cabelos em pé ver na faixa da esquerda desta "autoestrada", carros a rebocar outros com as correias dos cintos de segurança.!!!Alias, das primeiras coisas que me disseram foi que aqui, a faixa dos lentos é a da esquerda e as dos parados a da direita!! Há que andar pela berma do lado de fora, quando a há.
Mas verdade seja dita.O angolano, por mais pobre que seja ou mais parida seja a sua vida e o seu dia a dia, vive em alegria e sempre pronto para a Quizomba ou Kuduro. E nada mostra melhor isso que as crianças que vemos nas quelhos dos musseques ou aldeias no meio do mato ou de pescadores..
 
 



 
Estes sim, nada têm para além da liberdade, mas os sorrisos não enganam...
São os verdadeiros capitães da areia..